
Para Fulgêncio Sanches, colecionar imagens de santos não é simplesmente um hobby. mas uma devoção Foto: Rafael Silva
Fulgêncio Sanches pode se gabar de ter na prateleira da casa dele mais imagens de santos do que qualquer igreja da região. Mas prefere seguir a lição das pessoas, que, após a morte, foram canonizadas pela Santa Sé: “É só uma devoção; um prazer pessoal. Não é motivo para me exaltar”, destaca e acrescenta: “o que mais chama a atenção é, justamente, a humildade”.
Quando alguém pergunta a Fulgêncio quantas imagens de santo coleciona, ele precisa fazer uma contagem para responder, pois, dificilmente passa uma semana sem que chegue em casa com uma nova imagem. Até ontem, eram cem. São de diversos tamanhos e disputam espaço na prateleira da sala, nas mesas, no criado-mudo, enfim, em diversos pontos da residência, onde que ele vive com a mãe, dona Isolina, no Jardim Europa, em Mandaguaçu.
Fulgêncio cultua Santo Expedito, o santo das causas impossíveis, como devoção, mas tem apego com os demais e diz que todos o ajudam. “Sinto todos os dias que recebo grande ajuda, meus sonhos sempre viram realidade na hora certa”, ressalta.
Quando fala da ajuda que recebe, Fulgêncio conta que foi adotado desde muito pequeno e só depois de adulto conheceu a mãe biológica; recebeu uma boa formação do caráter do pai e mãe, que o adotaram; e sempre trabalhou em áreas que o agradavam. Por muitos anos, foi carcereiro da Delegacia de Polícia Civil de Mandaguaçu e sempre procurou passar uma mensagem positiva aos detentos. Hoje é seu próprio patrão, atuando na área de segurança, como era o sonho dele e como foi pedido a Santo Expedito.
Fulgêncio é uma das pessoas mais conhecidas da cidade e empresa de segurança dele foi contratada para fazer o que em Maringá e Sarandi é atribuição da Guarda Municipal. Todos os dias ele cuida do trânsito, da segurança das instalações públicas e atua até como socorrista. Apesar do turno puxado, ainda tem tempo para ser catequista e até atuar como juiz de futebol nos fins de semana.
Quando era criança, o pai deu a Fulgêncio a liberdade para escolher que religião preferia seguir. Ele escolheu o catolicismo e no mesmo dia ganhou da mãe uma imagem de Nossa Senhora das Graças, “que ele amou e cuidou como se fosse um tesouro”, diz dona Isolina. A paixão do menino pela imagem levou a família a dar-lhe outros santos e assim ele iniciou a coleção, que é a maior de que se tem notícia na região.
Ele explica que a fé é algo particular para ele. “Eu sigo primeiro a Deus, mas confio bastante também nos santos”, diz. A predileção por Santo Expedito vem da confiança conquistada ao longo dos anos. “Sempre que é uma causa difícil, recorro a ele e ele não me decepciona”, declara.
Uma das preocupações de Fulgêncio é a de sempre fazer uma promessa quando faz um pedido. Depois a preocupação é cumpri-la à risca. Certa vez fez uma viagem até uma cidade distante para levar uma cesta básica a uma mulher de cabelos brancos, conforme a promessa, e na rua encontrou uma velhinha, de cabeços brancos, a quem entregou a cesta. Ao saber que a velhinha chamava-se Isabel, no mesmo dia ele comprou uma imagem de Santa Isabel.